quarta-feira, maio 25, 2011

SENADOR SARNEY: DOIS ANOS DEPOIS


No final da primeira metade de 2009 o senador José Sarney teve mais de 15 minutos de fama. Na verdade, nunca teve tanta fama em um curto espaço de tempo, mesmo tendo uma longa carreira política.


Porém, não foi a fama e notoriedade que ele sempre desejou estabelecer para si: de um democrata republicano. Esse desejo que fica cada vez mais evidente nas páginas das suas sucessivas biografias ou quase-auto-biografias.


Páginas e páginas construídas para revelar que, na sua obsessão, sempre falta dizer o que já disse de si mesmo em prol de sua biografia ideal. Como já foi dito, o senador ambiciona entrar para a história como um democrata-republicano.Mas, como sabemos, ninguém é ou escolhe os juízes da História, nem o juízo! 

Em 2009, contra esse esforço continuado, veio como aquela pitada de veneno com pimenta, sem recortes... O período foi dramático para o senador que, já idoso, apareceu em sessões do Senado tomando medicação e com a mão direita bastante trêmula, particularmente diante das sucessivas acusações e escândalos que envolviam seu nome e de membros de sua família. 


Os atos secretos - coisa nada republicana - tornaram-se o assunto principal do país. As acusações contra o senador Sarney foram divulgadas nacionalmente e de forma exaustiva por todas as mídias. Acabou tendo repercussão na imprensa internacional.  Algo "nunca antes" ocorrido na vida pública do senador, pois as denúncias dos seus opositores maranhenses nunca ultrapassaram os limites da ilha de Upaon-Açu. Como se diz por aqui: "não atravessa nem o Estrito dos Mosquitos". 

Pois bem, dois anos já se passaram e tudo está como dantes...


Lembrando os fatos. As acusações feitas, na época, eram:
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  1. Usar ato secreto para a nomeação do namorado de sua neta;
  2. Obter favorecimentos através de atos secretos;
  3. Favorecer o neto em operações de empréstimo consignado a funcionários do Senado;
  4. Desviar recursos públicos na Fundação Sarney e de mentir ao negar ter ligações com a administração da Fundação José Sarney;
  5. Omitir casa de R$ 4 milhões da Justiça e de ter conta ilegal no exterior, gerenciada por Edemar Cid Ferreira;
  6. Vender terras nunca registradas em seu nome, evitando o pagamento de impostos;
  7. Ter se beneficiado na operação Boi Barrica. A operação da PF investiga seu filho, Fernando Sarney;
  8. Favorecer a empresa de seu neto em operações de empréstimo a funcionários do Senado, e a que o acusa de ser condescendente com a publicação de atos secretos;
  9. Usar os atos secretos para conceder benefícios e aumentar salários;
  10. Usar o advogado do Senado no Supremo Tribunal Federal em ação envolvendo causas próprias;
  11. Ter mentido, ao negar ter ligações com a administração da Fundação José Sarney.
Mas, como sabemos, o senador Sarney, por decisão de maioria,  não foi investigado e as acusações foram definitivamente arquivadas. Mesmo diante do bravo esforço dos que queriam desarquivar as cinco representações.
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Os que votaram a favor da manutenção do arquivamento
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Wellington Salgado (PMDB-MG)
Almeida Lima (PMDB-SE)
Gilvan Borges (PMDB-AP)
João Pedro (PT-AM)
Inácio Arruda (PC do B-CE)
Gim Argello (PTB-DF)
Delcídio Amaral (PT-MS)
Ideli Salvatti (PT-SC)
Romeu Tuma (PTB-SP)



Os que votaram a favor do desarquivamento:
Demóstesnes Torres (DEM-GO)
Eliseu Resende (DEM-MG)
Marina Serrano (PSDB-MS)
Sérgio Guerra (PSDB-PE)
Rosalba Ciarlini (DEM-RN)
Jefferson Praia (PDT-AM) "


Além desse arquivamento, o senador Sarney foi alçado à condição de Cidadão Incomum pelo presidente Lula. Isso, porém, ainda era pouco, para bancar a des-ofensa. A reparação foi completada quando o senador foi reeleito para a Presidência do Senado. Não só eleito, mas eleito com vitória esmagadora, com 70 votos dos 81 votos possíveis. 


Lembrando que foram registrados dois votos brancos e um nulo. O adversário só recebeu 08 votos.

Toda essa história serve para dizer que Sarney é uma expressão da cultura política nacional. Portanto, o Brasil não se pemedebizou, mas se maranhensezou. Sarney estabeleceu, em patamares contemporâneos, a sinergia  entre todos os mandões do Brasil!
O PMDB foi e é um consórcio de várias "coisas", de vários arquétipos da vida social brasileira, nunca foi e não pode ser estritamente um partido. Enquanto reprodutor de um ethos encontra sua raiz na cultura mandonista que tem sobrevivido aos diversos períodos da vida política brasileira. Sobreviveu a tudo até agora! 

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